19.3.08

Orgânico, Ecológico e Biológico

Que há de comum entre uma pêra convencional e um quivi orgânico?
Será que um quivi orgânico é ao mesmo tempo um quivi ecológico?
Os termos orgânico, ecológico e biológico têm sido usados como sinónimos. Apesar de interconectados, não significam necessariamente o mesmo.
Um produto orgânico/biológico é aquele que respeita a vida (bio=vida) e o ciclo vital nas suas diferentes manifestações: vermes, bactérias, insectos, aves, etc. Daí que se processe sem o recurso a pesticidas, insecticidas, herbicidas, vermicidas e adubos sintéticos. Os adubos utilizados costumam ser o animal e ainda outras mistelas feitas a partir de plantas, o chamado adubo verde, conhecido na terminologia anglo-saxónica por green manure. As técnicas e métodos utilizados costumam ser um conjunção de conhecimentos recentes e antigos, demasiado vastos para serem mencionados aqui.

Um produto orgânico, até chegar ao consumidor, pode perder toda a sua qualidade de ecológico. Tomemos como exemplo um quilo de quivis produzido na Nova Zelândia. Para que esse produto chegue a Portugal teve de ser transportado através de milhares de quilómetros, seja por mar ou por ar. Certamente que foi transportado acondicionado, embalado ou não, em contentores frigoríficos. Para além disso, terá ainda de ser transportado desde o porto até aos armazéns revendedores de fruta ou outras superfícies comerciais. Estas e aqueles serão ainda responsáveis pela embalação do respectivo produto. Por fim, o transporte para o consumo final.
O petróleo usado directa ou indirectamente no transporte (desde a origem até ao consumidor), na refrigeração e conservação do produto orgânico e no fabrico das embalagens, para além de encarecer o preço inicial do quilo de quivis, irá retirar ao quilo de quivis orgânicos toda a vantagem que tinha ao princípio, isto é, deixa de ser ecológico para se tornar anti-ecológico, por força do uso de recursos não-renováveis.
Pergunta-se ainda: “Será preferível o consumo de um quivi orgânico a uma pêra convencional?” Como vimos no exercício e exemplo anterior, a escolha pode ser indiferente, porque ambos são anti-ecológicos. Já numa comparação entre um produto orgânico e ecológico e outro convencional, a escolha recai, sem dúvida alguma, no primeiro.

Antes de consumir um produto orgânico esteja atent@ às seguintes questões: origem, embalagem, para além do respectivo símbolo que o certifica como tal. É preferível consumir produtos locais, procurando evitar o uso de embalagens. Assegure-se ainda de que está na época da sua produção, pois a qualidade muito depende daquela. Se fizer as suas compras o mais perto de casa, de preferência directamente ao produtor, estará a contribuir para a ecologia do seu consumo.
O preço dos produtos orgânicos e ecológicos, quando comparados com os convencionais, é certamente um obstáculo ao seu consumo. Porém, há que ter em conta que nem todos os custos associados aos produtos convencionais costumam ser contabilizados. Refiro-me, de uma forma geral, à poluição e degradação do meio ambiente de que são responsáveis quando comparados com os primeiros. Há ainda que reter questões relacionadas com a saúde.

A escolha é sua, prefira o melhor.

Pequenos gestos fazem a diferença.

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