23.6.07

Tem ela nos olhos segredos

Tem ela nos olhos segredos
Serenados pelo tempo
Faz da noite solidão
E do dia alegre canção

No cabelo o murmúrio do vento
Flores selvagens no coração
No passo o contentamento
Por ter perdido a razão

Tem no riso mil meninices
Que espalha nos campos de inverno
E não são velhas crendices
Que lhe ocupam o coração terno

Embriaga-me com o seu andar
- Felino que docemente balança
O astro sol na sua dança –
Como fazem as ondas no mar

Raíz

Viajar
Caminhar por pistas batidas
Ao som do rufar de tambores que marcham
Ébrios de sombras e luz fusca
Considerando a lua como adereço
Para os inconsequentes que somos os sonhadores
Viajar
Propagar-se em mil passos e sensações
Sentir a erva molhada e pedras que cortam o pó dos pés
A sola dos meus pés é um tapete que estendo ao mundo
Viajar
Mil aromas electroquímicomagnéticos
Mil cores do laboratório da dor e alegria
Mil essências esperando a dissolução
Mil reverberações e maquinações quânticas
Mil diapositivos de fama e glória
Sob uma fina capa do bom da história guardados
Viajar
Manifestação jugular e intestinal do desejo e poder?
Espaço sideral residência do inconsciente?
Tempestade conjugada pela magnificiência do vento, dos eventos e temperamento
Viajar
Pisar as raízes da alma e do espírito
As raízes do corpo simbólico e
Deste que me pesa nos ossos e emoções
Cortar as raízes alheias junto com as nossas
Por desconhecimento
Desconhecimento da raíz imensa e única
Que nutre, alimenta e cuida
O espírito infinito que somos todos, Tu e Eu
Como dança cósmica inseparável da noite escura do tempo

Sugestão

Busco o proibido através do sol que vibra
Das estrelas semeadas cada noite sobre a terra
Das árvores que crescem verdes na primavera
E descansam desnudas no inverno
Busco o proibido na ondulante mancha verde que cuida da terra
No canto dos pássaros comedores destes insectos que me molestam
No aroma e sabor e cor da fruta que me renasce
Busco o proibido nas ondas de praias desertas
Na lua nova e prenhe que vem e vai
Na escuridão que prepara o novo dia
Busco o probido no rio que murmura canções de liberdade
Nas borboletas que se balançam com graça
Busco o proibido na Vida manifestação criação desse “Ah!” mudo
Na Vida inominavél e assombrosa da qual faço parte
Escutando as vozes que sou
Chego à conclusão que só me posso
Permitir o proibido!